quarta-feira, 21 de março de 2012

Poema inédito de Rui Zink

Minha pátria, minha língua
Linha pátria, minha míngua
Juro-te, se fores minha gramática
Eu serei tua sintaxe.
É que, em ti, gosto de tudo
Dos sons, dos ecos, da surdez
Até das tuas rimas fáceis
Em extáse, em extáse.
Certo, nem sempre nos entendemos
Desgosto quando dizes atempadamente
E tu enxofras com os meus isso é suposto.
Mas não tem mal
Um dia, num presente distante
Voaremos juntos a uma ilha deserta
Lá cantarás só para mim
E eu, enfim (prometo que sim)
Calar-me-ei de vez
Só para ti.
Seremos não mais uma língua
e seu falante
Tão só uma palavra (uma palavra simples)
e o seu não menos discreto
amante.

Sem comentários:

Enviar um comentário